quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

está escrito

E eu que não fumo queria um cigarro pra dar um gosto forte e qualquer a essas palavras loucas. Um leve tempero, um bronze, pra me despertar curiosidade na boca. A vida anda tão sessão da tarde, como se os dias cinzas fossem cinzas por pura preguiça. E os vizinhos gritam, gritam, e eu queria que eles morressem. Como sempre. Mas eles nunca morrem. Fico muda, nada muda.
Eu mexo assim na comida, sento meio de lado, as minhas costas doem e meu cabelo está bagunçado, sinto-me acomodada. É tão fácil reclamar.
O telefone parece nunca parar de tocar, mas eu não estou. Não adianta atender, eu não estou, não sei quem sou, nem sei o que dizer. Ando tão distraída, como um balão, sempre subindo e subindo e subindo. As coisas vivas, coloridas chamam minha atenção, mas não consigo me concentrar.
Esse mundo da lua não tem presidente, nem gente, nem ar. Sua lei é só sonhar, sonhar. Bem que meu horóscopo avisa, todos os dias, pra eu pisar no chão. E eu até que piso, juro, piso, é minha cabeça quem diz não. E me culpam e me sacodem, que culpa há em mim? Nunca entendo, mas repito: eu simplesmente sou assim. Sou a absurda que quer falas intensas, que vive a vida com pressa e que em tudo põe sal. Sou a absurda que ri de besteira, que tem medo da queda e que faz do amor um ''sentimento banal''. Sou a absurda que vocês não entendem, e que nem quer ser entendida, só amada, afinal. Sou a absurda que rima besteiras e separa todas as frases com um ponto final. Sou a sonhadora que fantasia palavras, e as fala sozinha para o computador. E a idiota que reclama de tudo, enquanto os vizinhos não morrem, nunca morrem, e nada muda. Nunca. Só as rimas,
que acabam.

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