quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

criança interior?

Quando eu era criança, era mais egoísta, mas com os anos fui perdendo esse amor-próprio. Tudo é necessário em certa dose. Hormônios e status me influenciaram a mudar. Surgiam essas cores, esses cheiros, esses arrepios na nuca, ai, surgia essa vontade de dançar colado, de estar ao lado de fulano, de beijar na boca, de tirar a roupa, de mostrar pra todo mundo quem me escolheu. Sempre tão rápido, como uma dança essa vida, sim, eu dancei a vida, a vida foi um ballet, com história e figurino, com ironias do destino, com trilha sonora e coadjuvantes ladrões de coração. Me puxem, me puxem, eu rio, sou boba, eu vou com vocês, me levem, me levem, me chamem, me ponham no colo, na garupa, no carona, me dêem um lugar, um lugarzinho com vocês.
Eu fui, fuuui, fui com eles, com todos, com todas, fui bêbada, fui, fui dançando em sapatilha de ponta, fui sorrindo, fui gozando. Eu me perdi.
Acostumei a isso e, oh, quem pensará por mim? Eu já penso pelos outros, eu sei lá o que eu sou. Eu importo? Quando dói, dói tanto... só aí eu vejo que eu sinto. Se eu sinto, eu sou alguém. Eu me abandonei. Eu era tão durona, você precisava ver. Eu rolava no chão em brigas com outras crianças, eu me defendia, não aceitava não, eu conseguia tudo que quisesse. Troquei isso por um pouquinho de atenção. Ah, maldita puberdade, maldita idade e cabeça de vento. Maldito sutiã de bojo, maldita maquiagem, maldita bundinha empinada, maldita televisão, malditos garotos safados, malditas paixonites mentirosas, maldita solidão e necessidade de aceitação adolescente. Maldita personalidade perdida. Eu preciso ser forte de novo, como aquela criança que não dava o braço a torcer.

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